As Perturbações da Ansiedade encontram-se entre as perturbações psicológicas mais frequentemente observadas.
A Ansiedade foi definida com um estado emocional, desagradável, negativo, dirigido ao futuro, por vezes exagerado relativamente à ameaça real, e que implica sintomas corporais subjectivos e manifestos.
Qualquer pessoa pode sentir ansiedade em algum momento da sua vida (cerca de 1 em cada 10 pessoas experiencia elevados níveis de ansiedade), sem que isso seja considerado patológico.
Ansiedade normal vs. patológica
Ansiedade Normal |
Ansiedade Patológica |
Função protectora - sinal de alerta para preparar o indivíduo para a acção; Resposta a uma ameaça interna, vaga e desconhecida; Aumenta a capacidade de realização do indivíduo, ajudando-o a manter a motivação para o trabalho e para o alcance de seus objectivos. |
Inquietação que ocorre com uma frequência, intensidade e duração excessivas; Interfere no bem-estar nas várias áreas da vida da pessoa; Limita a capacidade do indivíduo no desempenho de actividades.
|
De modo geral, o excesso de ansiedade afecta a pessoa a 3 níveis:
Perturbação de ansiedade generalizada - PAG
A primeira característica da PAG é uma preocupação excessiva e incontrolável.
A pessoa pode-se preocupar com várias áreas da vida pessoal e social como: saúde, finanças, estado do mundo (guerra e desastres naturais), família, situações novas (novo emprego, conhecer novas pessoas), desempenho no trabalho, performance artística e desportiva, etc. Estas preocupações são intrusivas, stressantes, e de longa duração.
A preocupação excessiva interfere significativamente com a vida diária e é acompanhada por:
- Agitação, nervosismo ou tensão interior
- Fadiga fácil
- Dificuldades de concentração ou esquecimentos ("mente em branco")
- Irritabilidade
- Perturbações no sono (dificuldade em adormecer ou permanecer a dormir, ou sono agitado).
- Hipervigilância e inquetude
- Queixas somáticas (dor no estômago, tensão muscular, dores de cabeça, secura da boca, transpiração, peso no peito, taquicardia e dificuldade em respirar "sufoco".)
Origem das Perturbações da Ansiedade:
A Ansiedade é um sinal de alarme e um estimulante natural do organismo face a situações quotidianas ameaçadoras.
Além dos factores genéticos e biológicos, níveis patológicos de ansiedade estão comummente associados a dificuldades de adaptação a novos acontecimentos de vida, nomeadamente pessoais (conflitos emocionais, sociais, laborais, afectivos e sexuais). O abuso de substâncias psicoactivas (café, chá, tabaco, álcool e drogas) e a dor são, também, factores que podem desencadear a perturbação.
As Perturbações da Ansiedade são problemas de saúde sérios e reais, que necessitam de tratamento adequado:
Vários tratamentos podem ser eficazes em diferentes quadros clínicos.
Muitas pessoas com PAG parecem beneficiar de medicação com ansiolíticos ou antidepressivos.
A combinação de medicação e psicoterapia pode ser especialmente benéfica.
A terapia comportamental-cognitiva dirige-se sobretudo aos sintomas-alvo da preocupação excessiva e aos comportamentos de evitamento que a acompanham. O objectivo geral do processo de intervenção é promover o reconhecimento dos sinais da ansiedade e utilizá-los como pistas para o uso das estratégias de controlo da ansiedade (cognitivas, comportamentais e afectivas).
A terapia psicodinâmica pode ser útil em revelar as ameaças inconscientes subjacentes, que se encontram dissimulados nas preocupações da vida corrente, e com as quais o indivíduo anda inquieto.
Vaz Serra, A. (1999). O stress na vida de todos os dias. Coimbra
Graziani, P. (2003). Ansiedade e perturbações da ansiedade. Climepsi Editores: Lisboa.
American Psychiatric Association. (2000). Diagnostic and statistical manual of
mental disorders (4th ed., Text revision). Washington, DC: Author.
Barlow, D. H. (2002). Anxiety and its disorders. The nature and treatment of anxiety
and panic (2nd ed.). Nova Iorque: Guilford.