Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção
Drª Diana Frasquilho
Psicóloga Cognitivo-Comportamental
Doutoranda em Saúde Mental
A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção causa grande preocupação aos próprios indivíduos que dela sofrem, às suas famílias, escolas e locais de trabalho.
É um diagnóstico que tem vindo a ser feito com crescente frequência, daí que há que fazer uma avaliação cuidada.
Actualmente, considera-se um diagnóstico de Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção em adultos e crianças que demonstrem consistentemente certas características e comportamentos ao longo do tempo. Os comportamentos mais comuns inserem-se em 3 categorias:
Défice de atenção
Hiperactividade
Impulsividade
Défice de atenção
Caracterizado pela grande dificuldade em focar deliberadamente a atenção numa tarefa, na fácil dispersão do foco para outras actividades e na rapidez com que uma pessoa se aborrece ou se cansa da actividade.
Exemplos
Com frequência não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido em tarefas escolares/no trabalho/outras actividades
Com frequência parece não ouvir quando se lhe dirigem directamente
Com frequência não segue as instruções e não termina os trabalhos/encargos/deveres (sem ser por comportamentos de oposição ou incompreensão das instruções)
Com frequência evita ou fica relutante face a envolver-se em tarefas que requeiram esforço mental mantido
Com frequência perde objectos
Com frequência distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes
Com frequência esquece-se das actividades quotidianas
Hiperactividade
Pessoas com esta característica, parece que nunca estão paradas.
Exemplos
Com frequência movimenta excessivamente as mãos ou pés e move-se quando sentado
Com frequência corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo (em adulto é mais frequente sentir-se impaciente)
Com frequência tem dificuldade em dedicar-se tranquilamente a actividades de ócio (p.ex. jogar)
Com frequência anda ou age como se estivesse “ligado a um motor”
Com frequência fala em excesso
Impulsividade
Pessoas impulsivas têm dificuldade em suavizar as suas reacções imediatas ou em pensar antes de agir.
Exemplos
Com frequência precipitam as respostas antes que as perguntas tenham acabado
Com frequência têm dificuldade em esperar pela sua vez
Com frequência interrompem ou interferem nas actividades dos outros (p.ex. intrometer-se nas conversas ou nos jogos)
Para preencher os critérios de diagnóstico da Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção, os comportamentos acima descritos devem ocorrer em múltiplos contextos e representarem muito mais do que um desassossego ou perda de interesse.
Outro dado importante, e que tem sido alvo de estudo, é o critério de que estes comportamentos aparecem na primeira ou inicio da segunda infância (antes dos 7 anos de idade).
Em suma, tanto a desatenção como a hiperactividade e a impulsividade são aspectos comuns do funcionamento normal humano. O diagnóstico de Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção está reservado para aqueles cujo quadro de sintomas apresenta um nível de gravidade que compromete o seu bem-estar e a sua funcionalidade enquanto pessoa. Nesses casos atenção clínica é necessária.
Tratamento
Existe uma assinalável controvérsia sobre o tratamento desta perturbação. Medicação à base de estimulantes, prescritos sob rigorosa supervisão do médico, têm provado produzir ganhos significativos ao nível da capacidade de atenção e de regulação da actividade.
Quanto à psicoterapia, abordagens cognitivo-comportamentais têm-se mostrado promissoras como adjuvantes à medicação.